sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Crença em Deus e análise da música “Se eu quiser falar com Deus”

Lucas Melo de Abreu Júnior*
Lucas_mello290@hotmail.com

RESUMO:     Este artigo tem a finalidade de comentar sobre uma ideologia da maioria das pessoas inseridas em perspectivas religiosas, nesse caso me refiro à crença em Deus. Minha intenção é expor a retórica da ética cristã, meu objetivo é fazer uma breve amostra sobre o surgimento e os instrumentos utilizados para disseminar a crença em um ser  que “tudo pode” (Deus), além de ter como interpretação e análise uma produção artística referente a uma música de Gilberto Gil, cujo nome é “ Se eu quiser falar com Deus”.

PALAVRAS CHAVE

Deus. Crença. Fé. Filosofia. Instrumentos.

Abstract

This article aims to comment on an ideology of most people engaged in religious perspectives, in this case I mean the belief in God. My intention is to expose the rhetoric of Christian ethics, my goal is to make a brief appearance on the sample and the instruments used to spread the belief in a being that "anything goes" (God), in addition to interpretation and analysis as an artistic production referring to a song by Gilberto Gil, whose name is "If I want to talk to God."
Ouvir
Ler foneticamente

KEYWORDS

God. Belief. Faith Philosophy. Instrument.


Introdução

A crença em Deus foi passada de geração por geração, aprofundando os conhecimentos e os dogmas da crença/fé. Cada tipo de sociedade tinha suas formas culturais de vêem e praticarem suas crenças baseadas naquilo que se ensinava. Os instrumentos para tal doutrinação eram variados de acordo com cada povo, sejam os letrados ou os iletrados, todos tinham sua forma de conhecer e ensinar. A fé é sempre referenciada como base da crença inquestionável em Deus.
Sobre a música de Gilberto Gil  “Se eu quiser falar com Deus”, pode-se observa uma das várias formas de como a crença se manifesta e se dissemina pela ideologia das instituições, mas hoje podemos  identificar  que  a  crença  se  manifesta subjetivamente, pois a informação e as idéias estão mais claras e a democracia da livre escolha ideológica esta presente e tornou-se fundamental na vida das pessoas. A exemplo o compositor e cantor Gilberto Gil que, escreveu sua própria opinião sobre Deus, agradando ou desagradando há alguns.

A Crença em Deus   

            Para compreender a crença projetada sobre um ser transcendental, é preciso compreender fatores históricos que deram bases para essa crença, fatores como: meios de produção, consumo e a necessidade de organizar a massa para o trabalho, estes fatos estão presentes, precisamente na Idade Média. Além de referencia as instituições e os instrumentos utilizados para a formação ideológica da crença em Deus neste período.
            Várias idéias se formaram sobre a existência de Deus,  segundo muitos teólogos, se idealiza Deus como um ser perfeitamente bom, distinto, independente do mundo, onipotente, onisciente, onipresente¹ e criador do universo. Tal definição é considerada clássica, pois desde Idade Media se concebia a imagem de um Deus como um ser todo poderoso.
            A historia contribuiu para a constituição da crença, este que através das instituições (igrejas) utilizou da intelectualidade e da persuasão para introduzir nas sociedades a ideologia de um ser que esta acima de tudo e, naquela época ele era, referenciado como criador da terra. A idéia sobre a criação da terra se deu pelo fato do desconhecimento da existência de outros planetas, ou seja, do universo, pois pode-ser observa que nas idéias modernas: Deus é criador do universo, pelo fato do homem ter descoberto o universo, logo  a  religião apropria-se do conhecimento para explicar tal fenômeno e conceder mais poder a Deus, tornando-o um ser todo poderoso.
            Os instrumentos utilizados pela religião para consolidar a crença foi à oralidade, a criação das imagens/simbolismo – século XIV, e mais modernamente a constituição da bíblia. O sermão conhecido na época de cristo era um meio muito importante de disseminar a informação e é utilizado até hoje – de forma mais sutil, para orientar a moral e o ethos das pessoas, para que as mesmas vivam livres de pecados referentes às “ordens de Deus”. Sobre as imagens, segundo BRIGG & BURKE, “ Nas catedrais da Idade Média, as imagens esculpidas em madeira, pedras ou bronze figurando em vitrais formavam um poderoso sistema de comunicação.” (p, 18. 2006.). Nessa época, as pessoas aprendiam através das imagens, elas conheciam o “bem” e o “mal” produzido pelos desenhos ou estatuas que descrevessem situações de guerra ou de salvação, além das imagens de anjos e demônios. Sobre as imagens, naquela época, a maioria das pessoas não sabia ler, logo os responsáveis pela disseminação/persuasão/retórica, além de se  utilizar  as  estatuas  e  desenhos,  produziam rituais  de  fé  para  lembrar  sobre a
história do mundo através dos dogmas da igreja. A bíblia foi um instrumento  de  disseminação em massa da ideologia cristã, seu conteúdo é referente a passagens de apóstolos, que segundo eles são palavras de Jesus filho de Deus. Mas o que se sabe até então é que,   a bíblia é um livro criado pelo homem de relatos de outras pessoas e transcritos por outros que traduziram ao seu modo. O que dificulta a compreensão desse livro e torna sua veracidade questionável é a complexidade que ele traz, desde sua origem até sua construção que foi gradativa com fundamentos em relatos não comprovados.
            Portanto, o que se sabe é que a crença foi produzida  paulatinamente por pessoas diferentes, com culturas diversas, além das cargas ideológicas diferentes. A questão da fé é substrato fundamental para a religião cujos conhecimentos se fundamentam na fé², e é a fé, segundo tal perspectiva que dar bases para o entendimento das coisas espirituais. Pode se dizer, que a fé não é uma ciência, pois a ciência estuda fatos naturais vivenciados e comprovados e a fé é filosófica e idealista, onde sua comprovação esta em um Deus presente em todas as coisas, sem limite de tempo e espaço e o ponto principal, sem contestação.
           
Análise da música  “Se eu quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil (1980)

            A música retrata crenças e valores subjetivos daquele que a escreveu, que nesse caso foi Gilberto Gil. Porém, não cabe tentar explora o fator subjetivo para a construção da letra da música, pois é claro que todas as pessoas têm suas idéias e visões de Deus diferentes, prova disso é este trabalho do compositor/cantor Gilberto Gil.
È importante pontuar que o tipo de gênero textual que a música apresenta referencia-se em sequências injuntivas, pois a música

[...] apresentar prescrições de comportamentos ou ações sequencialmente ordenadas, tendo como principais marcas os verbos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente e articuladores adequados ao encadeamento sequecial das ações prescritas. (KOCH & ELIAS, p. 68. 2009)


            O Deus que a música expõe é um  Deus indefinido, pois é notório que as referências que a música expressa são “técnicas” de como chegar a esse Deus. Em toda a  música  pode-se  observar  a  complexidade  para chegar  a esse encontro, esse Deus é
difícil, como é colocado na segunda estrofe:

Se eu quiser falar com Deus Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração (GIL, 1980).

Ao finalizar a segunda estrofe todo o sofrimento é aliviado com a “Alegria no coração”(24º estrofe), mesmo com essa alegria o percurso é longo e complicado, necessitando muito do individuo para que no fim, como coloca a última estrofe da música,  tudo que foi feito não “vai dar em nada” daquilo que se “pensava encontrar”
            Portanto, a música  expressa uma idéia de Deus indefinido e que para se chegar a um dialogo com ele é preciso passar por situações difíceis e renúncias de várias coisas tanto materiais quanto espirituais, pois a condição dura necessária a esse encontro é finalizada com o percurso de aventura e dificuldades que no fim não vai dar em nada daquilo que se esperava.

Considerações finais

            È importante entender que a crença em Deus é subjetiva daqueles que constrói seus próprios conhecimentos, mas é inegável que a historia da religião foi sombria e injusta, não pontuada aqui de forma direta, mas de forma sutil pelos instrumentos de disseminação ideológica que impuseram a crença nas pessoas, estes instrumentos criaram os personagens do bem e do mal que solidificaram a crença na fé incontestável de um ser onipresente dono de todos e de tudo.
            A música, de Gilberto Gil em relação à crença, mostra que as idéias sobre Deus vária, dependendo do conhecimento e interpretação que os teístas vão ter, nesse caso as interpretações podem agradar ou desagradar, pois todas as pessoas são livres para refletir sobre o que quiser não podendo ser forçada a ver as coisas como verdades absolutas, mas sim como reflexão daquilo que se conhecer.
            Portanto, para o desenvolvimento deste artigo foi consultado o livro organizado pela professora Rita Firmino “Orientações metodológicas para produções  de trabalhos acadêmicos”, além da música de Gilberto Gil, “Se eu quiser falar com Deus”, que foi de muita importância para o desenvolvimento do trabalho.

Notas:


* Aluno do Curso de Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, Campus Arapiraca – Pólo Palmeira dos Índios.

¹ Onipresente é a forma como é entendi Deus em todas as idéias e conceitos.
² Fé, aqui entendida como método utilizado para referencia a crença em Deus.


Referência Bibliográfica

BRIGGS, Asa; BURKE, Peter, A Social History of the Media. Tradução de Maria C. P. Dias: Ed: São Paulo – Zahar, 2ª, 2006.

Disponível em <http://www.gilbertogil.com.br/sec_musica.php?page=5.> Acesso em 11/10/2010.

KOCH, Ingedore Villaça. Ler e escrever : estratégias de produção textual / Ingedore Villaça Koch; Vanda Maria Elias. – São Paulo : Contexto, 2009.

Orientações metodológicas para produção de trabalhos acadêmicos / Ana Rita Firmino Costa ... (et al) ._ 8. ed. rev. e ampl. _ Maceió : EDUFAL, 2010. 113 p.: il.

Nenhum comentário:

Postar um comentário